08/11/2005

O DIÁRIO DE MARIA

2 - Pré-Adolescência


Decorria o ano de 1974, Maria passou do Ciclo para o Liceu, era uma miúda algo fechada que sentia bastante infeliz, pensava muitas vezes porque tinha que ser assim, tentava mudar, mas a tristeza nos seus olhos viera para ficar.
Um ano antes, fora com a sua mãe a Lisboa, levar o pai que partia para Moçambique. Era desejo de sua mãe mudar de vida e que melhor que mudar tudo de raíz. O pai arranjara emprego, num talho.
Lembra-se de ir ao Aeroporto leva-lo e ficar admirada com a imensidão da cidade Lisboeta, em comparação com a sua: que monstruosidade. Foi a casa de uma tia paterna que vivia para os lados de Xabregas, e ficou espantada com a altura daqueles prédios.
Entretanto a mãe foi arranjando as coisas para irem ao encontro do pai. Comprava malas, roupas frescas porque em Moçambique fazia calor, tudo o que lhes fazia falta para embarcar naquela aventura. Andavam todos excitadissímos com a prespectiva de uma vida melhor, largariam aquela casa velha, cheia de ratos, com as paredes a cair cada vez que se encostavam.
O sonho comanda a vida, e eles, pobres deles sonhavam, até acordados.
Passados 2 meses da partida do pai, Maria ouviu bater á porta e foi abrir, qual não foi o seu espanto, quando deparou com o pai na sua frente. Justificação dada a sua mãe foi a mais extraordinária possível: "O Vinho em Moçambique era muito caro, não se podia chegar-lhe"
Assim morreram os sonhos , de uma vida melhor de todos aqueles que a ela tinham direito